Esse texto não foi escrito com caráter de posicionamento partidário, mas com o objetivo de repudiar qualquer movimento a favor da volta da ditadura ou de considerar a celebração do golpe como uma data festiva e histórica de pacificação do país. Nós, como RP pró-democracia, prezamos pela liberdade de expressão, transparência e ética.
E para entendermos a ligação da profissão de Relações Públicas com a Ditadura, e muito da visão deturpada de RP ser uma profissão de controle de imagem, precisamos voltar no tempo e entender o contexto da época.
No início dos anos 60 o Brasil passou por uma transição política, migrando de um sistema democrático para um regime ditatorial imposto e comandado por militares. A defesa para essa transição foi a de que com o controle e a ordem acabariam com a crise econômica no país – com altíssimas inflações e o aumento do desemprego. Já sabemos historicamente que o objetivo não foi alcançado, pois só aumentou o abismo entre ricos e pobres, além de toda a corrupção.
A partir desse cenário, o governo começa a investir em propagandas governamentais, mostrando os benefícios do regime, ocultando a violência e a falta de liberdade. Com o objetivo de nunca saírem do poder, em 1967 é criada a AERP, a Assessoria Especial de Relações Públicas, que era a responsável por criar filmes enaltecendo o orgulho de ser brasileiro e reforçando a boa imagem do regime. Os comandante da AERP tinham o poder e controle midiático, podendo aprovar ou recusar o que seria veiculado nos meios de comunicação de massa, como o rádio e televisão.
Quem já leu 1984 de George Orwell sabe que ter o controle da comunicação de massa é ter o controle sobre a opinião pública. Ter o controle da opinião pública é controlar uma sociedade. Comemorar uma data que fez todo um país perder a liberdade e ser enganado, é desconhecer a história, desrespeitando e humilhando quem lutou e luta pela democracia no nosso país.
Conhecer a história é compreender nossos passos. Que a gente continue lutando pela democracia, exercendo a nossa profissão, de forma ética, humanizada e transparente, como ferramenta de educação e transformação social.